domingo, 30 de setembro de 2012

Raizes do Sul - Wilson Paim - Reencontro

Para minha querida cunhada...Heloísa


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Ana Jácomo


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

É preciso amor...

Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais

Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei


Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir.....

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

M.Quintana

❝Somos donos de nossos atos,
mas não donos de nossos sentimentos;
Somos culpados pelo que fazemos,
mas não somos culpados pelo que sentimos;
Podemos prometer atos,
mas não podemos prometer sentimentos...
Atos sao pássaros engailoados,
sentimentos são passaros em vôo.❝
(Mario Quintana)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Família família

 




"Gosto de pessoas que admitem o erro, falam que estão com saudade e deixam de lado o orgulho.
Gosto de gente que sabe dar valor ao que tem, que faz por merecer e não finge ser o que não é.
Gosto de pessoas que sorriem mesmo cansadas, mesmo chateadas e mesmo quase morrendo por dentro […]  
e é por isso que tá ficando cada vez mais difícil de eu gostar de alguém nos dias de hoje.”
 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O dia 20 de Setembro é considerado dia do gaúcho.
Isso pelo fato de que em 20 de Setembro de 1835 foi o início da Revolução Farroupilha.

Desfile Farroupilha em Júlio de Castilhos-RS em 20 de setembro de 2012
 
 



quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Linha Tênue

"O sentimento que eu tenho é de encantamento. 
Do começo ao fim. Talvez porque não tenha começo nem fim.


...Entre o bem e o mal a linha é tênue, meu bem 
Entre o amor e o ódio a linha é tênue, também 
Quando o desprezo a gente muito preza 
Na vera o que despreza é o que se dá valor...
-Maria Gadu.


NUVEM

Nuvem é o algodão que sonhou alto e foi morar no céu.



terça-feira, 18 de setembro de 2012

20 de setembro: há o que comemorar? por Leonardo Grison

20 de setembro: há o que comemorar?

Todo ano me pergunto a mesma coisa: Mas a gente comemora o que mesmo? 
A independência da república federativa rio-grandense! Ah tá. 
O problema é que ela não existe, já que o Rio Grande do Sul é apenas um dos entes federados da República Federativa do Brasil. Então a gente comemora aquela revolução que ocorreu no século XIX que a gente perdeu. Não é novidade, São Paulo também tem feriado pra comemorar revolução que perdeu. Mas aqui a coisa é mais forte, e a gente anda a semana inteira (alguns o mês inteiro) vestidos de século XIX, batendo no peito orgulhosos e dizendo “que sirvam as nossas façanhas de modelo a toda terra!”. O “toda terra” deve ser porque o ego do gaúcho não cabe no Brasil, ou na América.

Curiosamente, a gente comemora a independência do Rio Grande do Sul (sic) logo depois de comemorar a independência do Brasil. É um tanto esquizofrênico, é verdade. Mas em algum momento isso acaba fazendo sentido para os gaúchos, e é exatamente naquilo que Vitor Necchi[1]denominou de “invenção da superioridade”. Os gaúchos criaram um imaginário, onde há uma república imaginária, com o perdão do trocadilho, onde tudo é diferente e melhor. Aqui é melhor do que o resto do Brasil em tudo.[2] De certa maneira, o que se comemora no 20 de setembro é isso. O problema é que sobra mito e falta realidade.

É inegável que o Rio Grande do Sul tem diferenças substanciais para o resto do Brasil. O problema é que o ufanismo faz um eclipse na realidade, fazendo com que os mitos escondam os fatos. Não há dúvidas que a localização fronteiriça produziu uma cultura diferenciada, fruto dos constantes intercâmbios com os hermanos, gerando uma rica diversidade musical, por exemplo. O problema é que nem tudo é um mar de rosas, como pensam os gaúchos. Tudo isso já foi estudado por diversos intelectuais, incluindo vários clássicos brasileiros, principalmente pelo que representou a ascensão desse imaginário à presidência da república, como diversas vezes ocorreu.

Um desses grandes pensadores é Simon Schwartzman[3], com o seu clássico “Bases do autoritarismo brasileiro”. O autor explica as peculiaridades existentes no Rio Grande do Sul, apontando que a posição geográfica de extremidade conferiu peculiaridades à formação gaúcha. Para fazer fronteira com os espanhóis de Buenos Aires, criou-se a Colônia do Sacramento. O período de confrontos foi permanente, “dando à população do Rio Grande do Sul uma experiência única, no Brasil, de um estado contínuo de violência e mobilização militar” (grifos nossos).[4]

Fernando Henrique Cardoso[5] também tem importante trabalho histórico sobre o assunto, que é, curiosamente, um dos livros mais importantes sobre escravismo existentes no Brasil. Mas isso foi antes de ele ser presidente e mandar esquecer tudo que ele escreveu . O autor mostra como o aspecto da experiência militar havia estruturado a sociedade gaúcha como um todo, inclusive sob aspectos culturais. A característica de zona de fronteira tornou uma necessidade a existência de lideranças regionais fortes, “dotadas de coragem e audácia pessoais bem-definidas”.[6]

O problema é que a guerra não era permanente, e nos períodos de paz permanecia a estrutura militar. Essa presença constante levou à formação de caudilhos fortes e personalísticos. Eles tinham suas próprias tropas e usavam da forma como bem convinha, para fins particulares inclusive, quando não estavam em guerra. Mesmo quando as fronteiras com a Argentina se fizeram com clareza, permaneceu essa cultura.
Em 1852, cerca de 3/4 das tropas utilizadas no conflito com Rosas tinham origem gaúcha. Várias décadas depois, o Rio Grande fornecia cerca de 1/4 a 1/3 das forças territoriais brasileiras, e o número de oficiais de alta patente de origem gaúcha era muito maior do que o que se esperaria a partir do tamanho da população do estado. O resultado desta situação foi que a política patrimonial e “privada” no Rio Grande esteve sempre orientada para os centros de poder regional e, principalmente, nacional.[7]

Dessa tradição histórica, precisamente, é que surge a tradição de gaúcho como homem forte, bravo, destemido e violento, inclusive. Gaúcho não leva desaforo pra casa. E ai de quem reclame que ele anda com o facão na cinta. No acampamento Farroupilha, em Porto Alegre, por exemplo, desenvolveu-se uma tradição anual de esfaquear pessoas. Todo ano alguém se mata. Mas ninguém abre mão do “direito” de andar armado à faca e facão (já é uma humilhação muito grande não poder andar de revolver, e a faca já virou um item “cultural”).

O paradoxo, porém, não é esse. O gaúcho se orgulha de ser “liberal”, e lutar contra o império (que aos poucos morria de velho). Curiosamente, foi esse próprio império que plasmou a identidade do gaúcho, já que o principal diferencial foi a presença estatal muito mais marcante nesta porção do território. Por causa da região de fronteira, é verdade. O frio não constrói a cultura de um povo.

E esse Estado, que tanto honra suas tradições, de fato desenvolveu um modelo estatal típico daquilo que Weber chama de dominação tradicional, um modelo muito focado no poder pessoal (os caudilhos são o melhor exemplo), com um forte viés autoritário. Com muita hipocrisia, dá para ver liberalismo nisso. Mas isso fica para depois, por enquanto vamos falar do patrimonialismo, um tipo específico de dominação tradicional, típico do Estado português que colonizava o Brasil, e mais forte ainda no Rio Grande do Sul. Vale a pena citar novamente Fernando Henrique Cardoso:
A análise aqui desenvolvida demonstra que a sociedade gaúcha acabou por configurar-se nos moldes de uma estrutura patrimonialista. Ao mesmo tempo, condições peculiares fizeram com que a autoridade, no período inicial da formação do Rio Grande, se revestisse de características tão marcantes de arbítrio e violência que não seria exagerado admitir que o sistema patrimonialista de poder sofreu uma distorção no sentido de um tipo de poder sultanístico, embora jamais a estrutura global de dominação se tivesse configurado conforme esse padrão de poder tradicional.[8]


Mas onde ficou, então, a “liberdade, igualdade e humanidade”, levada à lema pelos farroupilhas? Estou ainda procurando. No ano passado Juremir Machado da Silva lançou o importante “História regional da infâmia: o destino dos negros farrapos e outras iniquidades brasileiras (ou como se produzem os imaginários)”[9]. A obra constitui importante pesquisa documental. O autor adverte que é mais do que natural que todos os povos do mundo produzam mitos, o que é, inclusive, salutar. O problema é se agarrar no mito e esquecer da história, razão pela qual o autor busca os fatos históricos, e não os mitos, através de séria pesquisa documental. O colunista do correio do povo, entre outras ameaças mais graves, foi ameaçado de ser “capado”.

Uma das bandeiras desses liberais era a abolição da escravatura, coisa que Portugal já havia feito em 1767, e mesmo países da américa latina, como o Chile (1823), já haviam feito, restando ao Brasil fazer só ao final do império, quando os militares resolveram intervir dizendo que não iriam capturar os negros. Curiosamente, os maiores defensores do liberalismo no Brasil eram os proprietários rurais, que usavam da ideologia liberal para defender que eles possuíam o “direito” de possuir escravos. Aqui nos pampas, não era muito diferente, já que a hipocrisia lusitana veio junto com as caravelas. Domingos José de Almeida, considerado o cérebro da Revolução Farroupilha, era mulato, e proprietário de diversos escravos. Para financiar a revolução, que precisava de cavalos, armas, dentre outros suprimentos, vendeu escravos. Uma revolução que prometia libertar escravos financiada com dinheiro da venda de pessoas. “No imaginário dos homens comuns, revoluções pela igualdade e pela humanidade normalmente libertam escravos, não se financiam com a venda deles. Ou seja, por decoro ou por discrição, não se apresentam a fatura no caixa do novo regime. Era assim, ao menos, na mitologia. Que sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra!”.[10] Não vou nem falar de Porongos, aquele infame episódio, que se prometeu liberdade aos negros, e quando abaixaram as armas foram fuzilados. Tem tradicionalista que até hoje nega esse evento histórico. Vá lá! Tem até na wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Porongos

Domingos José de Almeida, esse cidadão de reputação ilibada, depois que a revolução instaurou o novo regime, acionou a república para cobrar a conta. Isso mesmo, cobrou pelo serviço prestados pelos seus negros. Nobre, não? O Bento Gonçalves não era diferente. Criou a imagem de homem pobre, humilde, arruinado pelos seus ideais. Pediu emprestado duzentas cabeças de gado para recomeçar a vida sofrida. Pobre homem que deu uma vida pelo ideal da revolução! “Quando morreu em 1847, sua estância Christal na área de Camaquã tinha cinquenta e três escravos e valia cinquenta e sete contos. Tanto ele como seus filhos possuíam grandes extensões de terá na Banda Oriental”.[11] Veja-se bem, apenas 2 anos após a “revolução” ele já estava nessa condição de vida. Palocci morreria de inveja! Não bastasse isso, ele ainda recebia aposentadoria militar.

E a revolução hein? Por que aconteceu? Por causa dos carrapatos! Um surto de carrapatos em 1834 abalou a produção de gado gaúcha, levando à famosa crise econômica, contra a qual se buscou o conflito contra o governo central como forma de solução. “Eram movidos por um ideal moralmente superior e ainda hoje defendido por muitos idealistas: pagar menos impostos. Deram sangue, suor, vidas, filhos e até negros por essa utopia”.[12]

Por que chamar de revolução então? Por algum acaso eles conseguiram acabar com o império e impor uma república democrática? Então foi apenas uma revolta, capitaneada por algumas elites. Uma revolta elitista, cujos farrapos eram apenas a mão de obra, e não participantes ativos. No patrimonialismo é assim, o Estado é visto como um bem familiar. Nessa perspectiva, não é nada estranho que a revolução tenha se iniciado por inconformidade dessas elites, e que, chegando ao poder, buscassem enriquecer às custas do Estado. Faz-se a revolução e se apresenta a conta. Simples.

Esses fatos históricos não são irrelevantes. Quando chega o 20 de setembro (“o precursor da liberdade”), é desse período que se lembra. Quando se entoa o hino rio-grandense, é essa memória que se brada. Obviamente isso tudo nunca foi uma loucura/histeria coletiva isenta de crítica. Não foram poucos os que sempre viram essa realidade com muita crítica, apesar de sempre minoria. Nossa literatura produziu ricos elementos para observar essa realidade.

Um desses exemplos é Amaro Juvenal, autor de “Antônio Chimango” (Mais adiante também falaremos de Érico Veríssimo). Este é considerado por muito uma das primeiras obras clássicas da literatura rio-grandense, antes mesmo de “Contos gauchescos e lendas do sul” de Simões Lopes Neto. No desenrolar da história, fica a crítica contra o autoritarismo do Borges de Medeiros (1863-1961). Seguindo a linha do Júlio de Castilhos, procuravam fazer uma “ditadura científica” no Rio Grande do Sul (inspirada no positivismo de Comte). Ditadores no poder, liberais na oposição, assim Schwartzman definiu os gaúchos. Não sem razão, vide estes exemplos.

Escrito em sextilhas, Amaro Juvenal exprime de forma bela como funcionava a política gaúcha, quando falava do Coronel Prates (Na verdade Júlio de Castilhos, já que na verdade era a sucessão para o Borges de Medeiros):
Toda minha gente é boa
Pra parar bem um rodeio,
Boa e fiel, já lo creio;
Mas, eu procuro um mansinho,
Que não levante o focinho
Quando eu for meter-lhe o freio.
(....)
Eu poderia tomar outro
Pra encarregar das prebendas;
Mas, para evitar contendas
E que briguem por engodos,
Pego o mais fraco de todos;
E assim quero que m’intendas.
Ou seja, o autoritarismo castilhista iria persistir mesmo com a sucessão para Borges de Medeiros, que seria cooptado pelo antecessor. Esse tipo de cultura permanece viva até hoje em diversos líderes políticos, pois a tradição se passa ao longo dos anos. Um bom exemplo é esta sextilha:
Quando um erro cometeres
(O que bem se pode dar)
Não deves ignorar
Como se sai da rascada:
A culpa é da peonada;
O patrão não pode errar.
Quando vires um peão,
Mesmo o melhor no serviço,
Ir pretendendo por isso
Adquirir importância...
Bota pra fora da Estância,
Mas, sem fazer rebuliço.
E a grande virtude democrática dos gaúchos onde fica? Eis a sextilha que trata do povo:
O povo é como boi manso,
Quando novilho, atropela,
Bufa, pula, se arrepela,
Escrapateia e se zanga;
Depois, vem lamber a canga
E torna-se amigo dela.
Home é bicho que se doma
Como qualquer outro bicho;
Tem, às vezes, seu capricho,
Mas, logo larga de mão,
Vendo no cocho a ração,
Faz que não sente o rabicho.



O grande slogan do Castilhismo era “O regime parlamentar é um regime para lamentar”. Como se sabe, o parlamentarismo coloca grande força no parlamento, já que ele tem o poder de colocar e retira do poder o governante. Assim, a Constituição gaúcha aos poucos foi esvaziando o parlamento, casa dos representantes do povo, que perdia poder frente aos autoritários.

Mais tarde, outro grande autor irá tratar sobre o patrimonialismo dos gaúchos: Érico Veríssimo, com a célebre trilogia “O tempo e o Vento”, agora situando a trama na Era Vargas, outro apogeu do autoritarismo gaúcho, agora levado para todo o país. A visão não é isenta de crítica. Numa das cenas de O Tempo e o Vento III, Floriano diz:
É uma sorte o pôr do sol não depender do governo e de nenhuma autarquia, porque, se dependesse, o trabalho cairia nas garras de funcionários incompetentes e desonestos, haveria negociata na compra de material, acabariam usando tintas ordinárias...e nós não teríamos espetáculos como este.[13]


Ou seja, a tradição política rio-grandense tem muito mais clientelismo e patrimonialismo do que democracia, ou “liberalismo”. Em se falando de Getúlio, em específico, ficou a herança deixada por Castilhos: governar por decretos. Rodrigo e Terêncio, personagens de Veríssimo, comentavam “O Getúlio não sabia mais administrar dentro dum regime legal. Estava viciado em governar por decretos”(p.729-730). Vargas é um momento importante, pois com ele sobe ao poder do Brasil muito da tradição gaúcha de governar. Dado o quanto se fala deste período, desnecessário mais detalhes.

Resumo da ópera: Gaúcho acha que nasceu para governar o país. E de fato o fazem: governaram por 36 anos e meio o país, muito mais do que qualquer outro Estado. O problema é que os gaúchos são liberais na oposição e autoritários no poder. Por isso que o 20 de setembro não foi precursor de liberdade nenhuma. Dos presidentes gaúchos, apenas Jango não foi um ditador, mas ironicamente foi deposto pelo golpe militar. Além do Costa e Silva, o Rio Grande do Sul ainda forneceu os presidentes do período mais sanguinário da ditadura militar: Geisel e Médici.

Todos os gaúchos que governaram o país (à exceção, talvez, de João Goulart) não hesitaram em utilizar o poder para atender a interesses privados, em maneira tipicamente patrimonialista, e com a intenção de privilegiar companheiros, ou seja, o famoso clientelismo. Nada de democrático. Também não hesitaram em usar o poder para combater quem quer que fosse contrário a seus regimes. Resgatar a história não é mera curiosidade: “Quase todos os farroupilhas que um dia criticaram os principais chefes farroupilhas acabaram assassinados: Paulinho da Fontoura, Onofre Pires – este num duelo, sem testemunhas, com Bento Gonçalves – e até Antônio Vicente da Fontoura, apunhalado por um liberto chamado Manoel, em 1861, para a libertação do qual havia colaborado com dez onças de ouro”.[14]

Serão estas as nossas façanhas que queremos de modelo a toda terra?
EDITADO: E o que dizer quando habitantes de região colonizada por italianos saem comemorando o 20 de setembro? Quando os italianos chegaram por aqui, o Brasil já era uma república, ou seja, muito depois. Na maioria dos casos, os imigrantes italianos desconhecem absolutamente sua história e tradição, mas acabam por comemorar o 20 de setembro como se tivesse alguma coisa a ver com eles. Isso, em parte, é resultado de um projeto autoritário, que fez questão de cooptar os imigrantes italianos na cultura já existente, tentando impedir de que se desenvolvesse uma nova cultura. Em partes foi possível, mas não em tudo, e esse é um dos principais fatores explicativos da diferença de desenvolvimento das regiões de colonização alemã e italiana para as de colonização portuguesa.








[1] NECCHI, Vitor. A invenção da superioridade - o ufanismo como projeto identitário do gaúcho. Revista Norte, v. 6, p. 16 - 21, 30 set. 2008.
[2] O jornal http://www.obairrista.com/ (que se orgulha de ser .com, e não .com.br) é a sátira perfeita dessa cultura. Luis Fernando Veríssimo, filho do Érico Veríssimo, que será tratado mais adiante, também criou o lendário personagem “Analista de Bagé”, um psicanalista com métodos pouco ortodoxos, apesar de ele dizer que é “mais ortodoxo que pomada Minâncora”. Para utilizar em seu consultório, o analista desenvolveu um método revolucionário, o “Joelhaço”, também conhecido mundialmente como BSM – Bagé Sensivization Method. No seu consultório o paciente fica em um pelego, e não no divã. No entendimento dele, mulher que vai para o Rio de Janeiro já desce no aeroporto mal falada. Em uma entrevista para o Coojornal ele falou “Quando anunciaramq eu um filho de Bagé era o mais novo presidente da Revolução, meu pai observou ‘bem feito, quem mandou sair daqui?’”. Ao abrir um consultório no Leblon ele define “é uma espécie de Bagé com manobrista”, em relação à Nova Iorque “é uma espécie de Bagé com metrô”. Ao tratar de um paciente egocêntrico sentencia: “o sujeito achava que o umbigo dele era o centro do mundo, enquanto todo mundo sabe que é Bagé”.
[3] SCHWARTZMAN, Simon. Bases do autoritarismo brasileiro. 4.ed. Rio de Janeiro: Publit Soluções Editoriais. 2007
[4] SCHWARTZMAN, Simon. Bases do autoritarismo brasileiro. p. 132
[5] CARDOSO, Fernando Henrique. Capitalismo e escravidão no Brasil meridional: o negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
[6] SCHWARTZMAN, Simon. Bases do autoritarismo brasileiro.. p. 132
[7] Ibidem. p. 134
[8] CARDOSO, Fernando Henrique. Capitalismo e escravidão no Brasil meridional. p. 111
[9] SILVA, Juremir Machado da. História regional da infâmia. O destino dos negros farrapos e outras iniquidades brasileiras (ou como se produzem os imaginários). Porto Alegre: L&PM. 2010.
[10] SILVA, Juremir Machado da. História regional da infâmia. P. 19
[11] LEITMAN, Spencer apud SILVA, Juremir Machado da. História regional da infâmia. P. 32
[12] SILVA, Juremir Machado da. História regional da infâmia. P. 38
[13] VERÍSSIMO, Érico. O tempo e o vento III. P. 699
[14] SILVA, Juremir Machado da. História regional da infâmia. P. 15

Importantes referências:


CARDOSO, Fernando Henrique. Capitalismo e escravidão no Brasil meridional: o negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991


 
LEAL, Victor Nunes Leal. Coronelismo enxada e voto. 2.ed. São Paulo: Alfa-Omega. 1975
FAORO, Raymundo. Os donos do poder: Formação do patronato político brasileiro. 3°ed. São Paulo: Globo. 2001
  
NECCHI, Vitor. A invenção da superioridade - o ufanismo como projeto identitário do gaúcho. Revista Norte, v. 6, p. 16 - 21, 30 set. 2008.
RODRIGUEZ, Ricardo Vélez. A análise do patrimonialismo através da literatura latino-americana. O Estado gerido como bem familiar. Rio de Janeiro: Documenta Histórica. 2008
SANTOS, Wanderley Guilherme do.  O ex-Leviatã brasileiro: do voto disperso ao clientelismo concentrado. Rio de Janeiro: civilização brasileira. 2006
SCHWARTZMAN, Simon. Bases do autoritarismo brasileiro. 4.ed. Rio de Janeiro: Publit Soluções Editoriais. 2007
SILVA, Juremir Machado da. História regional da infâmia. O destino dos negros farrapos e outras iniquidades brasileiras (ou como se produzem os imaginários). Porto Alegre: L&PM. 2010
VIANNA, Francisco José de Oliveira. Populações meridionais do Brasil: história, organização, psicologia. 7. ed.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

DEPOIS SE VÊ - Martha Medeiros

Chuva. Nada mais ancestral. Muito água, pouca água, não importa: choverá.
Em vários períodos do ano, mais forte, mais fraco: choverá. Em São Paulo, Minas, Rio, Floripa. E também na Alemanha, na Nova Zelândia, no Peru. Chove nos anos 40, chove em 2011, choverá em 2068. Passado, presente e futuro sob uma única nuvem. Só que o país do futuro não pensa no futuro. Somos totalmente refratários à prevenção.

Tudo o que nos acontece de ruim provoca uma chiadeira, vira escândalo nacional – mas depois. Ficamos estarrecidos, mas depois. O antes é um período de tempo que não existe. Investir dinheiro para evitar o que ainda não aconteceu nos soa como panaquice.

Se está tudo bem até as 14h30min desta quarta-feira, por que acreditar que às 14h31min tudo pode mudar? E então não se investe em hospitais até que alguém morra no corredor, não se policia uma rua até que duas adolescentes sejam estupradas, não se contrata salva-vidas até que meia dúzia morra afogada.

Somos os reis em tapar buracos, os bambambãs em varrer para debaixo do tapete, os retardatários de todas as corridas rumo ao desenvolvimento. Não prevemos nada. Adoramos os astrólogos, mas odiamos pesquisa. Consideramos estupidez gastar dinheiro com tragédias que ainda estão em perspectiva. Só o erro consolidado retém nossa atenção.

A gente se entope de açúcar, não usa fio dental e depois vai tratar a cárie, se sentindo privilegiado por poder pagar um dentista. A gente aplaude a arrogância dos filhos e depois vai pagar a fiança na delegacia. A gente fuma três maços por dia e depois processa a indústria tabagista. A gente corre na estrada a 140 km/h, ultrapassa em faixa contínua e depois suborna o guarda, na melhor das hipóteses. Ou então morre, ou mata – na pior delas.

A gente vota em corrupto, depois desdenha da política em mesa de bar. A gente joga lixo no cordão da calçada, depois se surpreende em ter a rua alagada. A gente se expõe em todas as redes sociais, depois esbraveja contra os que invadiram nossa privacidade.

Precisamos de transporte público de qualidade, mas só depois de sediar a Copa do Mundo. A sociedade reclama por profissionais mais gabaritados, mas ninguém investe em professores e em universidades. E os donos de estabelecimentos comerciais só irão se dar conta de que estão perdendo dinheiro quando descobrirem os manés que contrataram para atender seus clientes. Treinamento antes, não. Se precisar mesmo, depois.

Precisamos mesmo. Só que antes.

- Martha Medeiros em Feliz por nada.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

 

Eu quero ser pra você
A confiança o que te faz
Te faz sonhar todo dia
Sabendo que pode mais




Eu quero ser ao teu lado
Encontro inesperado
O arrepio de um beijo bom
Eu quero ser sua paz a melodia capaz
De fazer você dançar

domingo, 9 de setembro de 2012

5.1 Feliz aniversário pra mim.

Eu nunca trocaria meus amigos, minhas alunas que se transformam em amigas, minha vida, minha amada família, meus sobrinhos queridos,  por menos cabelo branco ou uma barriga mais lisa.  
Enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais amável para mim, e menos crítica de mim mesmo.  
Eu me tornei minha própria amiga ...procuro (mesmo que a passos curtos e lentos) evoluir.
Eu não me censuro por comer doces ou comprar algo bobo que eu não precisava.
 Eu tenho direito de acordar cantando uma música todo dia.
Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou no
computador até as quatro horas. 
 Eu dançarei (adoro) ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 &70, e se eu, ao mesmo tempo,  desejo  chorar por um amor perdido ... eu vou.

 Claro, ao longo dos anos meu coração foi quebrado.  
Como não pode quebrar seu coração quando você perde um ente querido, ou  quando promessas de amor ficam perdidas no tempo?  
Mas corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão. 
Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.
 
 Eu sou tão abençoada por ter vivido o suficiente para ter meus cabelos grisalhos, e ter os risos da juventude  gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto.
Conforme você envelhece, é mais fácil ser positivo.  
Você se preocupa menos com o que os outros pensam.  
  Eu não me questiono mais. 
 Eu ganhei o direito de estar errada...
 A idade me libertou.  
Eu gosto da pessoa que me tornei. 
Eu não vou viver para sempre, mas enquanto
 eu ainda estou aqui, eu não vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupar com o que será.  
E... eu vou comer sobremesa todos os dias (se me apetecer).
 
 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. 
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
...
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.  Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa... tenho sede de tudo.

Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade. 

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena. 
E para mim, basta o essencial!
 
 



 
 
 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Mais conhecimentos, maiores responsabilidades!

O verdadeiro Mestre, não é aquele que tem mais conhecimento, mas aquele que transmite mais conhecimento aos seus discípulos.
O bom Mestre é aquele que cria bons Reikianos. 
Se alguém quiser ser um bom Mestre, precisa investir muito do seu tempo nisso, precisa comprometer-se em ter um treino sério, sólido e extenso.
 Ao mesmo tempo, deve ficar alerta para não permitir que esse conhecimento influencie de forma negativa o seu Ego.

sábado, 1 de setembro de 2012

Setembro...

Amo SETEMBRO...mês de flores, 
primavera, recomeços e do meu aniversário.
Setembro com frio, com chuva 
ou com sol é sempre lindo, 
é sempre setembro!