sábado, 11 de julho de 2015

E a gente vai aprendendo 
a segurar o que transmite paz, 
que acrescenta sorrisos 
e que constrói a felicidade.
O resto, é só deixar solto que o vento se encarrega de levar 
pra bem longe do coração.

Vanessa Haas

sábado, 4 de julho de 2015


“Tomara que apesar dos pesares, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão de ser feliz.” 











 
Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Não havíamos marcado hora não havíamos marcado lugar. 
E, na infinita possibilidade de lugares, na infinita possibilidade de tempos,nossos tempos e nossos lugares coincidiram. 
E deu-se o encontro. 
_Rubem Alves

Inverno...


quarta-feira, 1 de julho de 2015

Carpinejar

Ninguém resiste a um sonhei com você.
“Sonhei com você” cria uma cumplicidade imediata, uma afinidade súbita. Mudamos o nosso olhar para a conversa e para o interlocutor.
Pode ser trova, pode ser chantagem emocional, mas é um recurso sedutor infalível.
No início da relação ou quando se é apenas amigo, o sonho é uma cantada que desperta a curiosidade.
Você procurará saber o que foi e o que estava fazendo no sonho de outra pessoa.
Mesmo os mais inteligentes e maduros, os mais céticos e descrentes, sucumbem à estratégia.
É um sinal claro de interesse e de disposição para começar algo, já que o inconsciente criou uma memória em comum, uma memória a dois.
Os homens, tarados por sua natureza, imaginam que são sonhos eróticos e crescem seu apelo pelo relato.
Não se dá muita chance quando alguém diz que pensou em você, mas quando diz que sonhou com você muda de figura e ganha toda a nossa atenção. O interrogatório do que aconteceu na mente alheia é inevitável.
Adere-se ao território das verdades secretas, aos símbolos do divã, à esfera mística das casualidades inexplicáveis.
Como contestar um sonho? Não tem como desmentir.
Nem criamos oposição. Queremos, no fundo, sermos sonhados, sermos conduzidos, receber sinais de anjos e de cupidos.
Na paixão, somos supersticiosos, somos místicos. Não marcamos encontros, abrimos cartas de tarô na alma.
Procuramos uma união que seja maior do que nossa força, que seja uma fatalidade, um destino agendado de vidas passadas.
Trata-se de uma facilidade sentimental, para não precisar justificar nossa escolha diante dos amigos e parentes. Pois foi o destino que definiu, não a gente, acabamos nos isentando de nossos gostos e predileções.
Se o sonho serve para estabelecer proximidade, o pesadelo é o elo para recuperar os laços.
Durante a separação, no momento em que perdeu o contato com o ex e a ex e não conta com pretexto para retomar o diálogo, o pesadelo vem como panaceia da saudade.
Do nada, pode mandar uma mensagem que sempre produzirá estrago: “Tive um pesadelo com você. Está bem?”
É óbvio que ganhará resposta. Pelo medo do castigo, da macumba e da maldição, e também porque não há como deixar uma preocupação sobre a saúde no vácuo.
Não perceberá que ela e ele procuram somente notícias de sua condição, é uma pescaria aleatória, com a meta de descobrir qual é o seu estágio de sofrimento.
O objetivo é de menos. O pressentimento, ainda que ruim, demonstra falta e indica uma forte ligação espiritual. Várias reconciliações se deram por um pesadelo falso ou verdadeiro. Não há como se indispor, ainda que a briga tenha sido épica e a ruptura justa.

O pesadelo é o habeas corpus do amor.

terça-feira, 30 de junho de 2015

A história da pizza começou com os... egípcios. Ao contrário do conhecimento popular e do fato ser considerada tipicamente italiana, os babilônios, hebreus e egípcios já misturavam o trigo e amido e a água para assar em fornos rústicos há mais de 5.000 anos. A massa, chamada de “Pão de Abraão” – muito parecida com os pães árabes atuais – passou a receber o nome de piscea.

Somente muitos séculos mais tarde, durante a Idade Média, é que a especialidade chegou à Itália, dando origem à pizza que conhecemos hoje.
No Brasil, trazida por imigrantes italianos, as pizzas foram ganhando coberturas cada vez mais diversificadas – mais até do que na própria Itália – e até mesmo criativas.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

"Somos todos anjos com uma asa só; 
e só podemos voar quando abraçados uns aos outros".
"Por que a gente, quando se encontra,
bate nas costas no outro? 
Para ver se a asa do outro está lá. 
Se não estiver, você não voa.
E tem gente que passa a vida 
desprezando a asa do outro. 
Porque é uma asa feminina ou masculina. 
Porque é uma asa de alguém que não é da sua área.
Porque é uma asa de um outro sotaque. 
Porque é uma asa de uma outra nação. 
Porque é uma asa de outra cor. 
Porque é uma asa com menos cargo".
 
 

sábado, 30 de maio de 2015

Imagens que eu amo...

Acho que é preciso a gente se encantar, 
de novo, com essas belezas simples e grandiosas.









Depois de um tempo, a gente entende que não há distância 
para aqueles que se amam, 
contrariando o que dizem a quilometragem, 
a diferença de fuso, o tanto de 
afastamento dos olhos. 
Porque o olhar que importa é o olhar que ama, 
é o olhar que sente, 
é o olhar que abençoa, 
e esse olha de qualquer lugar. 
Ana Jácomo
É que eu gosto 
do riso de tudo.
De flores. 
De gente. 
De bichos. 
Dos dias de céu azul lisinho. 
Das noites carregadas de cachos de estrelas. 
Da canção que as ondas cantam quando tocam a areia. 
Às vezes, eu vejo até o riso contido do que não tem coragem de rir.
Ana Jácomo.

sábado, 16 de maio de 2015



Caio Fernando Abreu - Texto lindo.

Fuga
Eles tinham seis anos de idade e iam fugir juntos. Lento, o menino enfiou o pião no bolso, sua única posse, e encaminhou-se para a porta. De dentro chegou a voz da mãe num prenúncio de reclamação está quase na hora do jantar, onde é que você vai? Não respondeu. Em silêncio, começou a concretizar o que há dois dias se desenrolava dentro dele. A segurança da coisa construída em imaginação durante horas de quietude emprestava a seus passos um precisão até então inédita, permitindo-lhe a audácia de não responder, ignorando eventuais palmadas. O trinco quase machucou a mão no ato de fechar a porta, mas ele já começava a criar das coisas que formavam “o que ficava”. E o que ficava era tanto que praticamente não tinha nada além de: um pião no bolso e uma idéia na cabeça.
O morrer do sol colocava uma cor também de fuga nas casas, nas coisas, nas pessoas que cruzavam numa melancolia de anoitecer. Em breve as sombras se afirmariam em escuro e ele não estaria mais ali. A idéia poderia quebrá-lo por dentro, porque era duro de repente não estar mais num lugar. Mas ele nem se machucava, há tanto já adivinhara os movimentos interiores prevenindo os receios, precavendo-se contra a série de sentimentaloidices que se amontoariam bruscas sobre seu coração de seis anos de vida. Por tanto, estava preparado. Dentro do tempo que vivera, dois dias era uma longa preparação de esquecimento que se impusera com método, recusando ternuras, comida na boca, cafuné antes de dormir. Estava todo delineado. E fugia.
Caminhava devagar, a coisa remexendo-se com gosto dentro dele. Num esquecimento de que era insípida, quase estalava a língua de puro prazer. Mãos nos bolsos, cabeça baixa, ah nunca se sentira tão definitivo. Era seu primeiro crime, e tão longamente premeditado que não havia espanto nem temor. Como um profissional da fuga, ia indo pela calçada comprida, rente ao muro. O sol espichava sua sombra para trás, vezenquando ele se voltava para ver se ela ainda o acompanhava. Ainda. Expressava seu alívio em forma de suspiro, e prosseguia. Permitia-se apenas esse medo, o de estar sozinho. Mas aquela sombra imensa e achatada contra o cimento não deixava de ser uma segurança, embora disforme.
Pegou uma pedrinha branca e começou a riscar o calçamento. Depois enfiou-a no bolso, numa sabedoria de coisa decidida: poderiam segui-lo através do risco fino, irregular. Ainda mais seguro, olhou quase vesgo de satisfação para uma senhora com a bolsa grávida de compras. A mulher encarou-o com desconfiança. Ele parou, o medo se transformando em desafio nos olhos que meio furavam a natureza da mulher. Suspensos no meio da tarde, mediam-se expectantes. Pensou em correr, depois riu um risinho cínico que aprendera na televisão -ela não sabia de seu crime. Então esperou. Até que a mulher abriu a bolsa e estendeu-lhe dois biscoitos. Balbuciou um agradecimento de espanto com tanta inocência humana e enfiou-os no bolso, junto com a pedrinha branca. A silhueta da mulher morria na esquina quando ele se interrogou, numa primeira incompreensão. Saíra de casa apenas com o pião, agora já tinha dois biscoitos, uma sombra, uma pedrinha branca e um acontecimento. Fugir não era então ir se despojando de coisas? Não entendeu, mas o poste que marcava longe o lugar do encontro suspendeu a dúvida. Preocupado, encaminhou-se para lá.
Não via a menina. Correu para o poste, investigou as pessoas que passavam mas nenhuma tinha jeito-de-menina-que-ia-fugir. Coçou a cabeça. Num desânimo, esperar. Acomodou a irritação no meio-fio, tirou as posses do bolso. Começava por um biscoito, depois brincava com o pião, depois o outro biscoito, depois desenhava no chão com a pedrinha branca, depois pensava na coisa acontecida. Detestava a improvisação, por isso ficou um pouco abalado com a ausência da menina e teve que planejar ações em que não havia pensado. Começava a desconfiar seriamente da honestidade do sexo oposto. Acumulou um série de queixas que abalaram o prestígio da menina, e preparava-se para pensá-las quando o biscoito sobre a calça fez um jeito fascinante, assim meio pedindo para ser comido. Havia-se recusado tantas coisas nos últimos dois dias que guardava mesmo um pouco de fome formando um espaço branco no estômago. Rompendo com o planejamento, devorou voraz os dois biscoitos, depois misturou pedaços de unhas aos farelos restantes. Quase saciado, girou o pião de leve no cimento. Um menino que passava olhou fixo, invejando. Lembrou da impontualidade da menina e perguntou objetivo:
– Quer fugir comigo?
Inexperiente dessas coisas, o outro arregalou os olhos:
– Quê?
– Quer fugir comigo?
– Pra onde?
– Não sei ainda. Qualquer lugar.
– Pode ser Vênus?
– Pode.
– E Gotham City?
– Pode.
– E. ..e. ..(a geografia falhava).
– Quer ou não quer?
– Não sei, o que é que você me dá se eu fugir com você? .
O menino investigou as posses desfalcadas. Percebeu o brilho de cobiça nos olhos do outro:
– O pião. Quer?
O outro fez cara de dúvida:
– Sei não. Isso presta?
– Quer ou não quer? (“É pegar ou largar”, dizia o gangster na televisão).
– Quero.
Estendeu a mão. O menino fez um movimento esquivo de dissimulação.
– Agora não. Só depois que a gente chegar lá.
– Lá onde?
– No lugar, ora.
– Que lugar?
– O lugar para onde agente vai fugir .
– Mas você não disse que não sabe onde é?
– Disse.
– Então pode levar anos.
– E daí?
– Dai que eu quero o pião agora.
Desacostumado a argumentar, estendeu o pião. Antes que pudesse fazer qualquer gesto, o outro já ai longe, risada dobrando a esquina, o pião roubado, a promessa não cumprida. Todo magoado com a desonestidade alheia voltou a pensar na menina. Encaminhou-se para a casa dela. Bateu devagar na porta. A mãe da menina espiou pela janela.
– A Lucinha está?
– Não. Foi no aniversário da menina aqui ao lado.
Meio que tropeçou no inesperado da coisa. Devia ter ficado pálido, porque a mãe-da-menina-que-ia-fugir dobrou-se para ele, perguntando se estava sentindo alguma coisa. Estava. Mas como desconhecia aquela onda verde bem claro que se quebrava incompleta dentro dele, não teve palavras para explicar.
Disse não, não tenho nada, e foi saindo de cabeça baixa. Já não só duvidava da menina, mas principalmente de si próprio. Parecia-lhe um pouco culpa sua aquele amontoado de desencontros. De dez minutos para cá aconteciam coisas tão incompreensíveis que estava quase desistindo.
Por uma questão de dignidade, bateu na porta da casa de menina-que-estava-de-aniversário, que apareceu de vestido cor-de-rosa perguntando se ele tinha trazido presente. Ele desentendeu um pouco mais, ainda assim fez voz firme e pediu para falar com a menina-que-ia-fugir. Com o maior cinismo do mundo, ela brotou de repente duma nuvem de babadinhos, a cara limpa, o cabelo penteado com uma fita -ela, a falsa, que vivia com os fios na boca. Mais grave: um copo de guaraná e uma cocada nas mãos. Nunca a vira tão Lucinha em toda a sua vida.
Teve vontade de dar um tiro nela. Mas estava tão desarmado que só conseguiu perguntar com voz meio irregular:
Você não ia fugir comigo?
– Ia -disse a menina mordendo a cocada. E ai! O espaço branco da fome cintilou dentro dele.
– Esperei você até agora. Por que que você não foi?
– Por causa do aniversário, ué.
– E o que que tem isso?
– Tem que fugir a gente pode todos os dias, mas aniversário é só de vezenquando.
Tinha selecionado uma porção de adjetivo pejorativos para jogar em cima dela, mas o pretexto era de uma lógica tão irrecusável que ele ficou parado uma porção de tempo, sentindo o tudo que preparara lento em dois longos dias de meditação ir-se desfazendo como a cocada na boca da menina.
Ela olhava para ele, ele pensava na frase, pensava, pensava, ai, o espaço branco aumentando por dentro, uma baita raiva da menina, da mulher que dera os biscoitos, do moleque que fugira com o pião, vontade de bater neles todos ou, na impossibilidade, sapatear até ficar roxo e a mãe chamar o médico num susto. Mas os barulhos da festa cresciam lá dentro, o sol morrendo dourava ainda mais o guaraná, o espaço em branco aumentava até o não-suportar-mais. Indeciso ainda, virou o pé leve no chão. Até que deixou de lado o pudor e perguntou:
– Será que ela deixa eu entrar sem presente?

Caio Fernando Abreu

domingo, 19 de abril de 2015

Eu sinto cheiro de paz. 
Não sei se é dom, se é cisma ou se é fato. 
Eu sinto cheiro de coisa boa e aí me perfumo daquilo, na maioria das vezes me borrifo de abraços. 
E eu gosto de gente que cheira a paz. 
É uma mistura de amor com fé e essência de jardim.
 E eu gosto de sorrisos florais e de gente que rega sonhos pelo menos uma vez por dia... 
(ana nunes)