sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Palestra


Filosofia e auto-reflexão
 Trevisol abriu o evento cantando, e logo em seguida mergulhou, de maneira bem humorada, nas definições psicológicas e filosóficas que tanto interessavam aos expectadores. “A divisão maior da sociedade não está entre pobres e ricos, mas sim entre os distraídos e os que são atentos aos sinais. Os que estão mais atentos conferem sentido as coisas que acontecem ao seu mundo, se mantém alertas, enquanto os distraídos as vezes simplesmente veem a vida passar, entregam-se demais ao acaso.”, disse, pregando que a autoavaliação é um exercício indispensável para quem busca conhecer a si mesmo.
Andando pelo palco, sem economizar gestos e trejeitos, com seu sotaque no melhor estilo descendente de italianos, o psicoterapeuta orientou o público a observar melhor as pessoas de seu convívio mais próximo. “Quer saber quem você é? observe quem é que vive ao seu lado, quem está sempre com você; analise que livros você lê, que filmes você assiste; isso revela muito sobre sua alma.”
Ele salientou a importância de monitorarmos nossos pensamentos para que possamos viver com equilíbrio. Em síntese, explicou que atraímos aquilo que pensamos. “Pessoas tristes atraem pessoas tristes e duas pessoas tristes as vezes dão muito certo, até que um deixe de ser triste. Isso porque um triste não suporta a felicidade do outro, a felicidade do outro machuca”.


Relação entre casais, e o poder do beijo

Entre os diversos conselhos e ideias repassadas durante a palestra, Jorge Trevisol deu uma explicação a respeito dos indivíduos que vivem em constante conflito. “Com quem você mais briga é com quem você mais se parece; é que você enxerga no outro a parte de você que mais lhe incomoda; casais que brigam muito não se separam, eles se amam, mas ao mesmo tempo estão machucados. Por um lado não conseguem conviver direito, mas por outro não conseguem se afastar, não conseguem ficar longe um do outro.”
Numa relação a dois, é importante que haja certo consenso em relação à irritação, defende Trevisol. “Quando um homem está passando por um momento difícil, com raiva e vontade de brigar, a parceira deve ter compreensão para ouvir aquele monte de reclamações que podem vir. E o mesmo vale para o caso contrário, o homem também deve ser paciente em relação às angústias de sua companheira. O importante é ter um ouvido amigo, que ouça nossas preocupações e que tente nos ajudar mesmo nos momentos de raiva.
Com bom astral, o psicólogo fez o público rir ao trazer a tona, de forma descontraída, problemas corriqueiros e recorretes na vida de muitas pessoas. “As terapias de casal acontecem, principalmente, quando os casais brigaram tanto dentro de casa que se cansaram da situação, e recorrem a um terapeuta, um terceiro, para decidir quem tem a razão”, brincou, continuando. “Mas quem faz terapia de casal o faz porque ama. A briga de muitos casais ocorre pois carregamos um ódio oculto, um sentimento que  dói e que queremos extravasar para nos livrar. E assim o ódio e o amor muitas vezes andam juntos,  pois a verdadeira antítese do amor é a indiferença, a perda do interesse, quando a vontade de compartilhar em um relacionamento acaba”.
Á nível de curiosidade, o psicoterapeuta citou um estudo realizado nos Estados Unidos, indicando que os casais que se beijam antes de ir para o trabalho, e também quando voltam, têm menos chances de adoecer. “O beijo, neste caso, funciona como um símbolo de proteção, que faz com que deixemos o interior dos nossos lares com mais coragem para encarar os desafios do mundo exterior”.


Doenças da Alma: Depressão, estresse, bipolaridade, etc

Dois dos problemas mais comuns na atualidade, depressão e estresse, também foram abordados. O primeiro foi classificado por Trevisol como síndrome mais comum às mulheres. “É a dor que vai à sutileza da alma, uma característica de quem guarda as coisas, não exterioriza seus problemas. É também um mal de quem não sai de casa, de quem se fecha para o mundo exterior”. Sobre o segundo, ele alertou: “O estresse é doença com tendência masculina, é coisa de quem quer fazer, fazer, fazer; o estressado volta pra casa, mas a cabeça dele parece estar em outro lugar, presa em problemas e preocupações”.
Juntamente com a depressão e o stress, a bipolaridade também entrou em pauta, sendo definida como a doença da moda por Trevisol. “Você entra num consultório terapêutico e vai sair de lá, quase com certeza, tendo esta síndrome diagnosticada.  Na verdade somos todos nós, seres humanos e sensíveis, bipolares, pois a vida não é sempre linear e estável, mas sim uma roda gigante com altos e baixos”.
O palestrante também falou da raiva, que está presente nas nossas vidas em diferentes formas. “A raiva nos é necessária em pequenas doses, para ajudar a manter nossos projetos e para enfrentar os obstáculos. Ansiedade é a mesma coisa, precisamos um pouco dela para estar atentos.

Causos, Complexo de Édipo e impotência

Trevisol citou alguns “causos” de sua vida profissional e pessoal, para embasar sua palestra. “No consultório todos que vêm conversar comigo estão com problemas, o que faz com que eu experimente a dor, a angústia, o medo que de que eles sofrem”. Isto seria alteridade entre o psicólogo e seus pacientes, mas que também pode valer para as nossa forma de encarar as relações que temos com as pessoas. “Um dia uma senhora me perguntou porque sua vida era tão ruim, porque as pessoas que cruzavam o caminho dela eram tristes, suas amigas eram infelizes. O fato é que quem carrega más energias leva isso para sua vida: indiferença atrai indiferença, briga atrai briga”.
Trevisol conceituou, de forma simplificada, o complexo de Édipo, uma corrente psicanalítica relacionada a  descoberta (pela criança) do sexo oposto, e com os sentimentos contraditórios de amor e hostilidade com nossos pais e mães. Resumindo: Uma vez que o ser humano não pode ser concebido sem um pai ou uma mãe (ainda que, eventualmente, nunca venha a conhecer uma destas partes ou as duas), a relação que existe nesta tríade é, segundo a psicanálise, a essência do conflito do ser humano.
Os problemas de impotência sexual também foram abordados por Trevisol, mas de forma descontraída, tratando o tabu de forma leve. Ele disse que, a maioria das vezes, o problema  não está diretamente relacionado com disfunções biológicas, mas sim psicológicas. “A impotência vêm quando a baixo-estima domina nossa alma, encaramos a nós mesmos como um fracasso”.


Pais e Filhos

Tema bem recorrente na palestra também foi a relação entre pais e filhos. “Somos um reflexo de nossos pais, que por sua vez se espelharam nos nossos avós. Ficamos parecidos com as pessoas que estão próximas, e os nossos filhos também terão em nós um exemplo. Então cuide hoje das pessoas que você gosta, pois no futuro você terá pessoas que também cuidarão de você”, afirmou Trevisol, preconizando ainda que os filhos vêm ao mundo para ensinar os pais a viverem, tiram deles parte do narcisismo que carregam.
No mesmo contexto metafísico, da atração de energia semelhantes, o palestrante falou da importância dos pais passarem vibrações positivas para os filhos. “Atração de energias negativas pega, maldição de mãe pega. Mãe tem que abençoar, mesmo quando pense que fez tudo errado com o filho. Isto porque ninguém veio ao mundo para dar errado, e acreditar que as coisas vão dar certo atrai esta energia positiva para nós, e para as pessoas que amamos”.
E para os filhos, Trevisan aconselha que busquemos guardar só as imagens boas de nossos pais. “A lembrança que tu tem do teu pai é dele brigando, ou criando instabilidade na família? Mas tu te lembra também daquele dia, em que ele te amou muito? Cada pessoa tem uma maneira diferente de amar e de demonstrar seu amor, temos que estar atentos para perceber os sinais que representam estas demonstrações e valorizá-los.


Zeca Baleiro, amor e deserto

Com é tradicional em suas palestras, Jorge Trevisol cantou e depois utilizou frases da música “Balada de Agosto”, de autoria de Zeca Baleiro. O verso ‘meu coração vive cheio de amor e deserto’ foi referência para diversas falas. Deserto, nas definições do palestrante, é aquilo que nos faz machucar as pessoas que mais gostam de nós,É também o medo, a ansiedade, o tédio. “Aquilo que temos mais dificuldade para controlar é deserto. Dentro deste raciocínio, amor e deserto não se separam, fazem parte de nós, porque ninguém é totalmente bom ou mal.A gente é bom mesmo quando erra.”
Uma das orientações mais práticas deixadas pelo palestrante poderia ser classificada como técnica para tomar a decisão certa. Segundo ele, na dúvida entre duas opções, devemos escolher aquele que meche mais com o coração. “Está na dúvida entre duas namoradas? fique com aquela que tem mais coração”, ressaltou.
Ao final da apresentação de Jorge Trevisol, as energias positivas pareciam se espalhar por todos os presentes no ginásio. Sai da palestra de Jorge Trevisol com a sensação de que todos (ou a maioria, para não ser leviano ao utilizar impossíveis termos absolutos de satisfação) “com certeza, tivemos uma rica experiência”, parafraseando o que disse a irmã ao final do evento

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