quinta-feira, 4 de abril de 2013

Memória da memória



Não há quem não feche os olhos ao cantar a música favorita. 
Não há quem não feche os olhos ao beijar, não há quem não feche os olhos ao abraçar. 
Fechamos os olhos para garantir a memória da memória. 
É ali que a vida entra e perdura, naquela escuridão mínima, no avesso das pálpebras. Concentramo-nos para segurar a dispersão, para segurar a barca ao calor do remo. 
O rosto é uma estrutura perfeita do silêncio.
Os cílios se mexem como pedais da memória.
Experimenta-se uma vez mais aquilo que não era possível. 
Viver é boiar, recordar é nadar.
Fabrício Carpinejar.

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